Associação de Direito de Família e das Sucessões

YOUTUBER DEVOLVE CRIANÇA AUTISTA APÓS TRÊS ANOS DE ADOÇÃO E GERA INDIGNAÇÃO

Myka Stauffer, que é mãe de quatro filhos biológicos, gravou um vídeo para se explicar e dizer que não se adaptou às necessidades especiais da criança. Mas a revolta dos internautas tomou conta dos comentários.
A youtuber norte-americana Myka Stauffer “devolveu” uma criança chinesa e autista de quatro anos que tinha adotado há quase três anos. Os mais de 716 mil seguidores notaram que no final de 2019, o pequeno Huxley, a quem tinha sido diagnosticado autismo nesse ano, deixou de aparecer nos vídeos da família nas redes sociais e questionaram o que era feito da criança.
A pressão tornou-se insuportável e levou a mulher, que é mãe biológica de quatro filhos, a desabafar com os milhares de seguidores sobre o facto de não se ter adaptado “às necessidades especiais” do menino. No vídeo, entre lágrimas e confissões de como fracassou como mãe, a youtuber admitiu que por ser uma adoção internacional, “há incógnitas e coisas que não são transparentes nos arquivos”, explicando assim que a agência omitiu o fato de a criança ser autista e falou apenas em “danos cerebrais”.
“Quando o Huxley chegou havia muito mais necessidades especiais que não sabíamos. Nos últimos anos ele esteve em vários terapeutas e nós tentamos ajudá-lo como pudemos. Nós nunca quisemos ficar nessa posição, nós tentamos ajudá-lo o máximo possível, nós amamos o Huxley de verdade”, disse James, marido da youtuber.
O desabafo da youtuber e do marido rapidamente geraram uma onda de indignação e Stauffer tornou-se objeto de ódio e de comentários insultuosos. “Imagine adotar uma criança na China, um órfão com necessidades especiais, e alguns anos depois enviá-lo para outra família”; “Repulsa. Sinto pena dessa criança”; “As crianças adotadas não são um cachorro que você adotou e pode devolver em 14 dias se não se encaixar bem… nojento”, são exemplos de alguns dos milhares de comentários à publicação da norte-americana.
Há mesmo quem a acuse se ter usado o pequeno Huxley como chamariz para ter visualizações e gerar uma onda de compaixão para com ela. O processo de adoção internacional foi documentado pelo casal nos seus canais no Youtube.
No total, o casal fez 27 vídeos sobre a “jornada da adoção” e o número de seguidores cresceu por causa da história de Huxley. Stauffer também foi entrevistada em revistas sobre cuidados com crianças com deficiência. Empresas como a Glossier e a Good American ofereceram acordos de patrocínio, e o “nascimento do seu quinto filho” foi apresentado na revista People em 2019.
Mas há também mensagens de apoio, de quem “compreende o que Stauffer passou”. E de respeito pela “coragem de tomar uma decisão tão dolorosa e difícil”.
Depois de entregar o filho adotivo a outra família, Myka mudou o status do Twitter para: “Siga-me e acompanhe a minha vida com os meus quatro filhos”. No canal, ela dá dicas de como cuidar da família, incluindo rotinas diárias e alimentação.
O destino de Huxley não foi revelado para proteger a segurança e privacidade da criança. A youtuber disse ainda que a nova família do menino é “a combinação perfeita” para ele, pois a “sua mãe nova tem treino médico profissional”.
O incidente levantou novamente a questão das adoções internacionais nos EUA.
 
Fonte: Diário de Notícias (29/05/2020)

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