Associação de Direito de Família e das Sucessões

STJ: VIÚVA DE EX-COMANDANTE QUE PASSA A CONVIVER EM UNIÃO ESTÁVEL NÃO PODE MANTER PENSÃO ESPECIAL

Classe do Processo: Recurso Especial nº 1.386.713 – SC
Relatora: Ministro Gurgel de Faria
Órgão julgador: 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Data do julgamento: /03/20
Ementa:
ADMINISTRATIVO. EX-COMBATENTE. PENSÃO POR MORTE. DIREITO VEDADO NA LEI À VIÚVA QUE VOLTAR A CASAR. EX-ESPOSA EM UNIÃO ESTÁVEL. CONDIÇÃO DE COMPANHEIRA. IMPEDIMENTO.
1. O Plenário do STJ decidiu que “aos recursos interpostos com fundamento no CPC/73 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 26) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça” (Enunciado Administrativo n. 2).
2. “Com o advento da Constituição Federal de 88, que reconheceu como entidade familiar a união estável (art. 6, § 3º), a companheira passou a ter o mesmo direito que a ex-esposa, para fins de recebimento da pensão por morte, sendo desnecessária sua designação prévia como beneficiária” (REsp 15994/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20//20, DJe 03//20).
3. Esta Corte, em consonância com o texto constitucional, reconhece a união estável como entidade familiar, sem discriminação alguma dos companheiros em relação aos cônjuges, ainda que a expressa previsão legal só assegure tal garantia à ex-esposa (AgInt no AREsp 784.539/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07//20, DJe //20).
4. A Lei 8.059/90, ao dispor sobre a pensão especial devida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial e a seus dependentes, considera “viúva a mulher com quem o ex-combatente estava casado quando falecera, e que não voltou a casar-se” (art. 2º, V).
5. Hipótese em que viúva de militar, com quem casou-se em /06/2006, aos 49 anos de idade, poucos meses antes do óbito do ex-marido de 89 anos, ocorrido em 20/09/2006, e de quem já percebe pensão estatutária do DNER, convive maritalmente há três anos com outro aposentado e, nessa condição, postula a pensão por morte correspondente à deixada por um segundo-tenente das Forças Armadas.
6. A definição de viuvez do art. 2º, V, da Lei n. 8.059/90 contempla a viúva de militar que passa a conviver em união estável, após a óbito do beneficiário, mesmo sem contrair novas núpcias, porquanto já constituída instituição familiar equiparável ao casamento.
7. Da mesma maneira que não pode haver discriminação para a companheira receber pensão ao lado da ex-esposa, à mingua de expressa previsão legal, a convivência marital não convolada em núpcias pode obstar a viúva de perceber a pensão, ainda que a lei fale apenas na necessidade de voltar a casar-se.
8. O fato de o preceito legal omitir a condição de companheira não impede a que tal status venha a ser considerado para afastar o direito postulado, posto que sua admissão, no caso concreto, pode ensejar burla à norma legal, a qual exige novas núpcias para perder o direito à pensão militar de ex-combatente.
9. Recurso especial provido.
 
Confira o acórdão:
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Agência ADFAS de notícias (com informações do STJ)

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