IRMÃOS QUE ESTAVAM EM ABRIGO NO ACRE SÃO ADOTADOS POR CASAL DE SP QUE ESTAVA HÁ ANOS NA FILA DE ESPERA
Crianças, de 2, 3 e 5 anos estavam em um abrigo de Tarauacá desde janeiro e há 30 dias estão com a nova família de São Paulo.
A espera por uma nova família, um lar acolhedor e o carinho dos pais finalmente chegaram ao fim para três irmãos de 2, 3 e 5 anos, que estavam em um abrigo da cidade de Tarauacá, interior do Acre, desde o mês de janeiro. As crianças foram adotadas por um casal de São Paulo, que aguardava há oito anos na fila da adoção.
Há 30 dias, o casal viajou até o estado acreano para conhecer e buscar os filhos. No encontro, muitas lágrimas, abraços, sorrisos e uma certa timidez. A família retornou para São Paulo e pelos próximos 60 dias vai passar pelo período de adaptação.
A Justiça do Acre não autorizou o contato com o casal, porque o processo de adoção ainda não está concluído.
“Saíram daqui com a guarda para fins de adoção, tudo dentro do cadastro nacional e tudo certo do jeito que manda a legislação. Estão muito bem e agora é só aguardar o juiz da cidade deles fazer o acompanhamento do estado de convivência, encaminhar um relatório conclusivo e com isso a gente sentencia, decide a questão dos nomes e a nova paternidade”, disse ao G1 a juíza Joelma Nogueira, responsável pelo processo.
Dificuldades na localização
Antes de chegar nessa parte de conhecimento, abraços e sorriso, a Justiça teve dificuldades para encontrar uma família para as crianças. A ideia desde o início era manter os irmãos juntos, e, segundo a juíza, há poucos pretendentes no cadastro de adoção com a pretensão de adotar mais de uma criança.
“Essas crianças tinham um pretendente da cidade [de Tarauacá], mas não se sentiram confortável em recebê-las por conta da família, que ficou com medo do processo. A gente achou que foi o melhor mesmo para o interesse das crianças. Não tínhamos nenhum casal para o perfil das crianças e, então, passamos para o cadastro nacional”, destacou.
Foi no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) que a Justiça acreana encontrou o casal de São Paulo. Juntos há 17 anos, os dois não conseguiram ter filhos biológicos e entraram há oito anos na fila da adoção. O perfil de pais perfeito foi encontrado, mas a equipe não conseguia falar com os pretendentes.
“Mudaram o telefone, o e-mail e não fizeram a alteração no cadastro. Quando chegou no momento de contatá-los não encontramos porque o telefone não dava. Não desistimos, acho que quando Deus está no meio não tem como não dar certo. Depois de uns quatros dias, conseguimos encontrar a mulher, fizemos a audiência virtual com eles e aceitaram a situação, que era indefinida porque o processo não tinha acabado, não tinha havido a destituição do poder familiar e somente a suspensão. Mas, queríamos tirar as crianças do abrigo e colocar em uma família”, detalhou.
Adoção
A juíza destacou que os irmãos foram colocados para adoção quando todas as alternativas para tentar reintegrar as crianças à família biológica foram esgotadas. A Vara de Tarauacá ainda realizou duas audiências, fez relatórios e pediu ajuda de uma equipe de Rio Branco para encontrar o melhor destino para os irmãos.
Após a certeza de que o retorno para a família biológica não seria possível, o casal de São Paulo foi avisado e orientado a viajar até o Acre para conhecer as crianças.
“Então, acabamos julgando o processo, transitou em julgado e quando isso aconteceu conversei com o casal e determinei que deveriam vir logo e colocar algumas condições. Eles prontamente fizeram isso, na mesma semana compraram as passagens, ficaram na cidade uns cinco dias com as crianças no hotel e voltaram para São Paulo”, ressaltou.
Após as dificuldades para encontrar o casal, a magistrada recomendou que os pais inscritos para adotar uma criança ou adolescente tenham sempre o cadastro atualizado para facilitar o contato.
“É muito importante para os pretendentes, principalmente aqueles que se inscreveram em anos anteriores, que procurem a Vara para atualizar seu cadastro, o login e senha do seu processo, pegar uma cópia, ter essa senha do sistema. Eles mesmos podem entrar e atualizar esses dados porque podem perder uma oportunidade”, concluiu.
Fonte: G1 Notícias (19/07/2020)