GOVERNO DE SP MANTÉM IDEOLOGIA DE GÊNERO EM APOSTILA DO 8º ANO
Após recolhimento das apostilas escolares do 8º ano do fundamental por conter ideologia de gênero, o relatório do Grupo de Trabalho (GT) de 19/09 propôs nova redação para o trecho criticado da apostila, mantendo as referências de ideologia condenada pela população.
O recolhimento das apostilas foi determinado pelo governador de SP, João Dória (PSDB), assim que soube que o material tinha sido impresso e distribuído pela Secretaria de Educação.
A nova redação foi publicada no Diário Oficial junto com explicações sobre a metodologia de trabalho. Ao comparar o texto original da apostila e o texto adaptado, proposto pelo GT, verifica-se que foram apenas retirados alguns trechos e não houve exclusão da ideologia de gênero do material escolar.
Confira abaixo o que ficou no texto e o que será retirado:
“A identidade de gênero refere-se a algo que não é dado e sim construído por cada indivíduo a partir dos elementos fornecidos por sua cultura: o fato de alguém se sentir masculino e/ou feminino. Isso quer dizer que não há um elo imediato e inescapável entre os cromossomos, o órgão genital, o aparelho reprodutor, os hormônios, enfim o corpo biológico em sua totalidade, e o sentimento que a pessoa possui de ser homem ou mulher. Numa definição sociológica, poderíamos dizer que a identidade é um conjunto de fatores que forma um complexo “jogo do eu”, onde entram em cena a interioridade (como a pessoa se vê e se comporta) e a exterioridade (como ela é vista e tratada pelos demais). Nesse sentido, podemos dizer que ninguém “nasce homem ou mulher”, mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida, em razão da constante interação com o meio social. Enfatizamos aqui o termo “e/ou” no tocante às masculinidades e feminilidades: em primeiro lugar porque há pessoas que nasceram com pênis e se sentem femininas, e vice- -versa; em segundo lugar, porque se refletirmos melhor, veremos que cada um(a) de nós traz em si os dois elementos. Mas no fundo, o que se considera masculino ou feminino é resultado de convenções sociais”
Os trechos riscados (no quadro cima) são os trechos que serão excluídos. Para melhor visualização, reproduzimos abaixo o texto proposto pelo GT, agora sem as indicações do que foi retirado. Ou seja, segundo a publicação do DOU, é o texto que deve ser impresso no material escolar:
Texto adaptado pelo GT:
“A identidade de gênero refere-se a algo que não e dado e, sim, construído por cada indivíduo a partir dos elementos fornecidos por sua cultura: o fato de alguém se sentir masculino e/ou feminino. Isso quer dizer que não ha um elo imediato e inescapavel entre os cromossomos, o órgão genital, o aparelho reprodutor, os hormonios, enfim o corpo biológico em sua totalidade, e o sentimento que a pessoa possui de ser homem ou mulher. A identidade e um conjunto de fatores que forma um complexo “jogo do eu”, onde entram em cena a interioridade (como a pessoa se vê e se comporta) e a exterioridade (como ela e vista e tratada pelos demais). Nesse sentido, podemos dizer que ninguém “nasce homem ou mulher”, mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida, em razão da constante interação com o meio social.” (sic)
Membros do GT confiados por João Dória
A publicação do DOU ressalta que os trabalhos de reavaliação da redação após o recolhimento das apostilas foi coordenado por Hubert Alquéres, “a título técnico-colaborativo sem qualquer remuneração”. O critério de escolha dos colaboradores parece ter sido técnico, devido a formação e experiência de Hubert. Mas Hubert também tem suas posições político-ideológicas, bem claras em textos que escreve em blogs na internet. Hubert mostra ter bastante ciência da guerra cultural em curso no Brasil. Em um texto em um blog escrito outubro de 2019, chamado “A revolução cultural do bolsonarismo”, acusa que a “existência de uma cultura oficial sempre foi meta de regimes totalitários”. No texto ele critica a defesa de valores tradicionais feita por Bolsonaro classificando como “retrocessos”. Em outro artigo defende que “Não há lulismo sem Lula”.
O “critério técnico” de João Dória
O resultado do trabalho do GT após o recolhimento das apostilas parece ter produzido resultado oposto ao que aparentemente o governador João Dória esperava, já que durante campanha eleitoral deixou claro ser contrário a ideologia de gênero nas escolas. A “ideia” do puro “critério técnico” para composição de membros do Executivo têm surpreendido governantes sem clara visão sobre o embate de ideologias atualmente. Fato semelhante ocorreu no estado de Santa Catarina onde o governador Carlos Moisés (PSL), eleito sob bandeira conservadora e como “candidato de Bolsonaro”, também teve que pedir para recuar material da Secretaria de Educação que apresentava ideologia de gênero. O erro passa pela premissa errônea de governantes que acham que há como fazer uma gestão puramente técnica, livre de ideologias.
A origem do texto da apostila “SP Faz Escola”
Conforme informações do GT publicadas no caderno 28 Diário Oficial Poder Executivo – Seção I São Paulo, 129 (178), a redação do material didático que gerou polêmica foi retirado da publicação do Ministério da Saúde, intitulada “Diversidades Sexuais: adolescentes e jovens para a educação entre pares – saúde e prevenção nas escolas”. A publicação foi feita em 2010 pelo Ministério da Saúde e o trecho está nas páginas 16 e 17, subtítulo “Diversidade Sexual”.
Na publicação do Ministério da Saúde são propostas inúmeras atividades para se trabalhar com jovens e adolescentes.
Em uma das atividades é proposta a discussão com jovens e adolescentes tendo como pano de fundo ideias atribuídas a Sócrates, onde o material afirma que o filósofo “acreditava que o amor e o sexo entre dois homens inspiravam a criatividade e o conhecimento”.
Em outro exercício do material do Ministério da Saúde, página 38 e seguintes, propõe-se uma dinâmica os jovens e adolescentes onde é utilizado um texto fictício de um país chamado Blowminsk, “um país onde se proíbe o relacionamento afetivo e sexual entre pessoas do sexo oposto“, onde a mulher “não pode sentir desejos afetivo-sexuais por um homem”, e vice-versa. Chama atenção também uma certa propaganda velada do transhumanismo, inseminação artificial e valores eugenistas, quando o texto contextualiza o suposto cenário desse país fictício: “Os bebês são gerados em provetas e inseminados artificialmente, dando opções maiores aos pais sobre as características que poderão desenvolver”. Nesse país existiriam pessoas que quebram as regras e se relacionam com pessoas de sexo oposto. A história em questão já estava presente no Caderno “Escola sem homofobia”, apelidado de “Kit Gay” pelo então deputado Jair Bolsonaro. O “Escola sem Homofobia” foi produzido em parceria com MEC e ONGs, bem com a Pathfinder do Brasil, entidade de caráter ideológico globalista.
Outra atividade em grupo propõe que os jovens simulem uma agência de publicidade e façam uma campanha de propaganda. Um dos critérios de avaliação, feita por meio de votação da turma, visa definir “qual das propostas está mais adequada à comunidade LGBT” (termo usado à época da publicação, no ano de 2010).
Por fim, a apostila indica dez filmes para serem assistidos. Um deles é o famoso filme “O segredo de Brockeback Mountain”, que descreve o romance entre dois jovens vaqueiros, e outro menos famoso é o filme “Transamérica”, que conta a história de uma transexual que deseja fazer a cirurgia de mudança de sexo e descobre que tem um filho.
O livro foi produzido pelo governo federal, em 2010 e a edição consultada é oriunda de uma tiragem de 2.300 exemplares. O projeto teve apoio da Unicef, Unesco, UNFPA (Fundo de Populações das Nações Unidas), Unodoc (Escritório sobre Drogas e Crime da ONU) e o Ministério da Educação.
_________________
A ideologia de gênero nas escolas brasileiras é analisada pela Doutora Verônica A. da Motta Cezar-Ferreira, Diretora Nacional de Relações Interdisciplinares da ADFAS.
Confira o Parecer.
https://adfas.org.br/2015/12/10/parecer-a-ideologia-de-genero-no-ensino-fundamental/
_________________
Fonte da notícia: Estudos Nacionais (30/10/2019)