EU DIGO X: O PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA NA INCLUSÃO E AUTONOMIA

A intervenção precoce na comunicação de crianças com Síndrome do X Frágil (SXF) e autismo é essencial para potencializar seu desenvolvimento. De acordo com a fonoaudióloga Marcia Maria Loss de Carvalho, “é fundamental para justamente potencializar o desenvolvimento dessa criança desde os primeiros anos de sua vida”. Ela explica que atrasos na comunicação, dificuldades na interação social e outros desafios relacionados à linguagem são comuns nesses casos.

A especialista ressalta que “o cérebro da criança, especialmente nesses primeiros anos de vida, está em um período que chamamos de ‘alta plasticidade’, o que significa que ele é muito mais receptivo a aprender informações e criar conexões neurais”. Quanto mais cedo a intervenção começar, maiores serão os ganhos na comunicação, no comportamento e na socialização.

“Por meio de abordagens bem específicas, baseadas em evidências, é possível ajudar a criança a se comunicar de maneira funcional, diminuindo suas frustrações, aumentando sua autonomia e melhorando sua qualidade de vida, bem como a da família”, afirma Marcia.

Identificar sinais precoces é um passo essencial para iniciar o tratamento o quanto antes. A fonoaudióloga alerta que, apesar das variações entre as crianças, alguns comportamentos são indicativos de atraso na comunicação. “Pouco ou nenhum balbucio por volta dos 6 a 9 meses, dificuldade em manter o contato visual, ausência de gestos comunicativos e atraso no surgimento das primeiras palavras são alguns dos sinais que devem ser observados”.

Para estimular a comunicação, Marcia explica que as estratégias utilizadas são lúdicas, funcionais e personalizadas. “Interações por meio de brincadeiras, estimulação da comunicação não verbal, modelagem da fala e uso de rotinas são fundamentais”. Ela também enfatiza a importância do reforço positivo. “Valorizar e reforçar mesmo as tentativas de comunicação, sejam verbais ou não, ajuda a criança a se sentir encorajada a interagir mais”.

A fonoaudióloga também destaca que o uso da Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) é uma ferramenta que pode ser implementada conforme a necessidade da criança. “O uso de recursos como figuras, pranchas de comunicação, gestos ou dispositivos eletrônicos não impede o desenvolvimento da fala! Eles oferecem à criança uma maneira de se expressar e reduzem a frustração”, esclarece.

Sobre o papel dos pais, Marcia reforça que a participação familiar é indispensável. “O processo terapêutico é contínuo e exige paciência, dedicação e parceria com os profissionais. Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e os resultados nem sempre são imediatos”. Pequenas atitudes no dia a dia fazem toda a diferença. “Falar o que está acontecendo, oferecer escolhas, esperar a resposta da criança antes de responder por ela, brincar com objetos de seu interesse e valorizar toda tentativa de comunicação são estratégias muito eficazes”.

Marcia ainda enfatiza que o ambiente familiar tem um impacto direto na evolução da fala e linguagem. “Um ambiente acolhedor, com interações frequentes, é essencial para que a criança se desenvolva e se sinta motivada a se comunicar”. A especialista recomenda reduzir o uso de telas, criar momentos de interação real e dar tempo para que a criança se expresse.

Apesar dos desafios, muitos casos mostram avanços significativos na comunicação de crianças com SXF e Autismo. “Há muitas crianças que inicialmente não falavam, mas que, com o tempo e a intervenção adequada, conseguiram desenvolver a comunicação oral. Nunca devemos desistir de estimular a comunicação, pois cada criança tem seu tempo e suas próprias possibilidades de desenvolvimento”, conclui a fonoaudióloga.

Fonte: Canal Autismo – Sabrina Muggiati

 

 

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