DIVÓRCIO 'AMIGÁVEL' JÁ NÃO É MAJORITÁRIO

A pandemia deixou várias marcas, inclusive nos relacionamentos, que precisaram ser repensados após o período de quarentena em 2020. Prova disso é o número de divórcios no país, divulgado pelo Colégio Notarial do Brasil, que tem aumentado desde 2020, quando ocorreram 76.175 registros. Naquele ano, a maioria dos divórcios foi consensual, mas o jogo virou em 2021, e os pedidos contabilizados (77.112) foram majoritariamente litigiosos — quando apenas um dos cônjuges deseja a separação ou quando há discussões sobre temas que envolvem o divórcio, fazendo com que não seja possível realizar um acordo. Já neste ano, até a metade de janeiro, os dois tipos de divórcios têm sido frequentes em proporções equiparadas.
Mas por que essa mudança abrupta para o litigioso? Parte desses divórcios foi ainda resquício da pandemia, pois muitos casais ainda tentaram continuar com o casamento, “empurrando com a barriga” pelos últimos dois anos, mas acabaram concordando que não daria certo continuar. Além disso, o convívio forçado do confinamento quebrou toda a rotina que se tinha fora de casa, mantendo o casal em convívio por 24 horas, além do ambiente de trabalho ter sido transportado para home office. Essas questões fizeram com que casais se conhecessem a fundo e percebessem muitas diferenças para continuarem juntos.
Mas o divórcio não significa algo necessariamente ruim. No final, ele pode ter sido um alívio e uma nova oportunidade para muitas pessoas, que, ao passarem pela experiência da quarentena, refletiram sobre seu relacionamento e o quanto, como casal, podem se fortalecer ou não nas adversidades.
Esse aumento no número de divórcios deve continuar por pelo menos mais dois anos, além das consequências relacionadas aos ex-casais com filhos. Em uma separação que envolve filhos menores são negociadas pensão, visitas e outras questões que devem ser acordadas com cuidado para não se transformarem em problemas.
O mais importante é que o divórcio seja realizado de forma amigável, e sempre buscamos aconselhar o casal que pretende passar por um processo de separação para que o procedimento seja feito da melhor maneira para os filhos, evitando, por exemplo, que pendências como atraso de pensão por parte do pai que perdeu o emprego durante a pandemia possa prejudicar a família. Ou que a mãe proíba o pai de visitar o filho. Sabemos que isso acontece muito e a criança é sempre a parte mais frágil quando envolve separação. Portanto, o importante é refletir também sobre como o processo de separação pode ser realizado sem deixar tantas sequelas na família.
Fonte: Conjur (06.02.2022).

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